30 anos do Massacre de Corumbiara: Sangue, terra e a chama da revolução agrária!
- Vontade Popular

- 21 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de out.

Maringá - Agosto de 2025
Há 30 anos, na madrugada de 9 para 10 de agosto de 1995, o latifúndio e o Estado brasileiro uniram-se em um ato covarde contra os camponeses sem-terra de Corumbiara, em Rondônia. A operação policial-militar, planejada a dedo para servir aos interesses dos grandes proprietários, resultou na morte de ao menos 11 camponeses — entre eles crianças e idosos — e deixou dezenas de feridos. Mas, se o latifúndio acreditou que o medo calaria o campo, enganou-se: a memória de Corumbiara vive como bandeira de luta e resistência.
Corumbiara não foi um “excesso” ou “erro” das forças de segurança. Foi a expressão nua e crua da guerra de classes no campo. O latifúndio, armado até os dentes e sustentado por juízes e políticos a serviço do capital, não hesita em usar a bala para defender sua propriedade improdutiva. O massacre foi mais um capítulo da longa história de sangue que o latifúndio escreve contra o povo trabalhador.
Do norte ao sul: a luta pela terra segue acesa
Hoje, três décadas depois, o sangue derramado em Corumbiara ecoa no Paraná, onde o conflito agrário se intensifica. O avanço da monocultura (soja, milho e cana) e a concentração de terras expulsam comunidades camponesas e indígenas, enquanto jagunços e policiais agem como um só corpo contra ocupações e retomadas. O “desenvolvimento” prometido pelo agronegócio é, na verdade, um ciclo de miséria: mecanização que desemprega, veneno que adoece, rios e florestas devastados.
Violência estrutural e impunidade
Mesmo representando pouco mais de 2,3% do território nacional, o Paraná concentra 3 das 14 condenações do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos relacionadas a violências contra trabalhadores rurais Sem Terra.
Entre 1994 e 2002, sob o governo de Jaime Lerner, o estado registrou, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT):
502 prisões de trabalhadores rurais,
324 lesões corporais,
7 casos de tortura,
47 ameaças de morte,
31 tentativas de homicídio,
16 assassinatos,
134 despejos violentos.
No presente, os conflitos continuam acirrados. Na região Oeste do Paraná (Guaíra e Terra Roxa), ocupações indígenas de áreas produtivas têm provocado resposta violenta: produtores feridos, pressão por intervenções policiais, suspensão de processos no STF e aumento da presença da Força Nacional.
Reforma agrária tardia e ações pontuais
Uma notícia recente mostra um avanço isolado: o conflito que se arrastava desde 2003 na Fazenda Brasileira (também chamada Nossa Senhora do Carmo), entre Ortigueira e Faxinal, teve resolução com a criação de um assentamento de 10,6 mil hectares para cerca de 440 famílias, batizado de “Maila Sabrina”.
O Paraná tornou-se um retrato cruel da ofensiva do latifúndio: despejos violentos, criminalização de lideranças e assassinatos. A cada hectare tomado pela soja, a cada colheitadeira que substitui famílias inteiras, o campo perde vida e ganha deserto humano. Mas, junto à miséria, cresce também a chama da revolta: acampamentos se multiplicam, comunidades resistem e a palavra de ordem é clara — a terra é de quem nela vive e trabalha!
Uma lição maoísta: sem revolução agrária, não há libertação
Como ensinou Mao Tsé-Tung: “a revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra”. A experiência de Corumbiara, de Eldorado dos Carajás, das retomadas indígenas e quilombolas mostra que o latifúndio jamais abrirá mão de seus privilégios por meio de negociações ou reformas tímidas. A reforma agrária burguesa é um remendo para manter intacto o sistema; o que precisamos é de uma revolução agrária, com a tomada e socialização das terras, organizando o campo sob o poder dos trabalhadores.
A tarefa histórica é clara: unir camponeses, indígenas, quilombolas e trabalhadores urbanos num só movimento. Organizar a autodefesa das ocupações, criar zonas de produção coletiva, fortalecer a consciência de classe no campo. O latifúndio só cairá quando for arrancado pela raiz — e, para isso, é preciso método, disciplina e organização revolucionária.
Corumbiara, 30 anos depois, não é apenas uma lembrança dolorosa — é um chamado à ação. Que a memória dos mártires guie o povo na luta pelo direito à terra, e que cada enxada erguida seja também uma arma na guerra pela libertação.
Viva Corumbiara! Viva a revolução agrária! Terra para quem nela trabalha!


Comentários