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Vietnã e Cuba: solidariedade forjada no fogo da história.

  • Foto do escritor: Vontade Popular
    Vontade Popular
  • 2 de set.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 4 de out.

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Maringá – Setembro de 2025


O governo do Vietnã deu início a uma campanha nacional inédita em solidariedade ao povo cubano, que rapidamente ultrapassou todas as expectativas e assumiu caráter de verdadeiro movimento de massas. Artistas populares, influenciadores digitais, intelectuais e milhares de cidadãos se engajaram com entusiasmo nessa mobilização, realizada no marco do Ano da Amizade Vietnã–Cuba, oficialmente proclamado no país.


Lançada em 13 de agosto, a iniciativa foi concebida como uma ampla campanha de arrecadação de recursos para marcar os 65 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Seu propósito central é prestar apoio material e moral a Cuba em um momento em que a ilha enfrenta graves dificuldades econômicas, intensificadas pelo recrudescimento do bloqueio norte-americano.


Sob a coordenação do Comitê Central da Cruz Vermelha do Vietnã — a quem o Partido Comunista, o Estado e a Frente Patriótica confiaram essa missão —, a campanha busca reunir fundos para o envio de medicamentos, bens de primeira necessidade e para o financiamento de projetos de cooperação voltados ao desenvolvimento sustentável.


A expectativa inicial era de que, até 16 de outubro, fossem arrecadados 65 bilhões de dongs (cerca de 2,1 milhões de dólares). Porém, em apenas dois dias de campanha, as doações já somavam 4,8 milhões de dólares. Milhares de vietnamitas vêm participando ativamente, seja por meio de pontos de coleta em locais de trabalho, escolas e comunidades, seja por transferências bancárias. A juventude, em particular, desponta como protagonista dessa demonstração de solidariedade à Revolução Cubana.


Quando a crise aperta e o cerco imperialista sufoca, é na fraternidade entre povos revolucionários que nasce o sopro de esperança. O gesto recente do Vietnã, ao enviar milhões de dólares em apoio direto a Cuba e toneladas de arroz plantado e doado, não é apenas um ato de cooperação internacional: é a prova viva de que a chama de 1959 e de 1975 segue acesa. Hanói estende a mão a Havana como quem reconhece no outro a mesma trincheira, a mesma cicatriz, a mesma vontade de vencer.


O arroz como munição da luta

Cuba enfrenta hoje um bloqueio criminoso que tenta dobrar a dignidade de seu povo. Mas o Vietnã, que já derrotou a máquina de guerra mais poderosa do planeta, sabe que a fome também é uma arma de dominação. Por isso, não oferece apenas discursos: planta arroz em solo cubano, doa colheitas, envia equipamentos agrícolas, compartilha tecnologia de cultivo e mobiliza milhões de cidadãos para levantar fundos.


É uma solidariedade que se mede em hectares cultivados, em sacos de grãos, em remessas de medicamentos, em fábricas montadas em Havana com assistência vietnamita. Nos últimos anos, projetos conjuntos de produção de arroz garantiram à ilha milhares de toneladas do alimento, ajudando a reduzir a dependência de importações em tempos de crise.


O Vietnã também apoiou Cuba na instalação de zonas especiais de desenvolvimento e na modernização de setores como telecomunicações e biotecnologia. Agora, com a campanha nacional de arrecadação que superou todas as metas, os vietnamitas reafirmam que sua solidariedade não é apenas retórica: é prática, concreta, enraizada na memória da resistência comum contra o imperialismo.


O arroz, aqui, é pólvora revolucionária contra a escassez. Cada saco enviado carrega consigo a lição de que a amizade entre os povos não se curva a sanções nem a chantagens.


Biotecnologia e energia como frentes de batalha

Se ontem os vietnamitas mostraram ao mundo que a selva podia engolir os tanques americanos, hoje demonstram que ciência e tecnologia podem ser trincheiras de resistência.


Essa cooperação não nasceu agora. Já nos anos 1980, Cuba enviava engenheiros e médicos ao Vietnã, enquanto Hanói apoiava projetos cubanos de produção agrícola. Com o passar das décadas, a relação se aprofundou, alcançando áreas estratégicas como telecomunicações, biotecnologia e energias renováveis.


A rede Vietnã–Cuba de biotecnologia, consolidada a partir de acordos firmados em 2020, é exemplo dessa nova etapa. Ela permitiu a troca de vacinas, pesquisas conjuntas e a transferência de tecnologias que garantem autonomia em setores dominados por grandes laboratórios internacionais. Durante a pandemia, o Vietnã recebeu lotes do imunizante cubano Abdala, ao mesmo tempo em que ofereceu apoio logístico e financeiro para expandir sua produção.


No campo energético, projetos de energia solar instalados em zonas rurais cubanas garantem luz elétrica a milhares de famílias e reduzem a dependência de importações de petróleo, duramente afetadas pelo bloqueio. Além disso, Vietnã e Cuba cooperam em parques solares e em iniciativas de eficiência energética, visando ampliar a soberania da ilha em um setor vital para seu desenvolvimento.


São armamentos modernos na luta pela independência: não se trata apenas de eletricidade ou de medicamentos, mas de afirmar que o futuro não será ditado pelo capital estrangeiro nem pelo embargo de Washington. Cada laboratório inaugurado e cada painel solar instalado representam mais que avanços técnicos: são declarações de guerra contra a dependência e símbolos de que a ciência popular, forjada na solidariedade, pode ser também uma arma revolucionária.


A disciplina do socialismo

É verdade que os investimentos ainda encontram barreiras: burocracias, entraves institucionais e inércias herdadas de décadas de dificuldades econômicas. Cuba, como todo país sitiado, carrega o peso de uma administração constantemente forçada a reagir a emergências.


Mas o recado de Hanói é cristalino: para que a solidariedade floresça em colheitas, laboratórios e fábricas, é preciso disciplina socialista, clareza na gestão e firmeza na condução da economia. Foi assim que o Vietnã, após a política de Renovação (Đổi Mới) nos anos 1980, conseguiu articular planejamento central com flexibilidade produtiva, garantindo ao mesmo tempo crescimento e soberania.


Essa experiência não serve como receita pronta, mas como prova de que é possível enfrentar o cerco imperialista sem se render ao mercado. O Vietnã não cobra capitulação à lógica neoliberal: cobra eficácia revolucionária! O chamado é para que a solidariedade não se limite a gestos simbólicos, mas se converta em força material capaz de derrotar a escassez e transformar o cotidiano do povo cubano.


Dois povos, uma mesma batalha

O imperialismo sonhou em isolar Cuba, cercando a ilha com sanções e chantagens econômicas. Mas cada navio de arroz que chega a Havana vindo do Vietnã é um golpe certeiro contra essa tentativa de asfixia. Esses grãos carregam mais que alimento: são memória da resistência comum, trincheiras flutuantes que rompem o bloqueio.


O imperialismo acreditou, também, que o Vietnã sairia da guerra como satélite econômico, dependente e curvado às potências estrangeiras. No entanto, Hanói ergueu uma economia sólida, baseada no planejamento socialista e na integração popular, e hoje mostra ao mundo que é possível crescer sem abandonar a bandeira da solidariedade internacionalista.


Cada tonelada de arroz enviada, cada projeto tecnológico compartilhado, cada centavo arrecadado na campanha de apoio a Cuba reafirma que o destino dos povos não será ditado por Washington. Vietnã e Cuba caminham juntos como provas vivas de que a fraternidade revolucionária pode desafiar a geopolítica da dominação.


O chamado da história

Se Cuba resiste, não é apenas por bravura: é porque não está sozinha. Se o Vietnã se ergueu das ruínas da guerra para se tornar potência regional, é porque contou com o poder da unidade popular. Hoje, quando as ilhas do Caribe e os arrozais do Sudeste Asiático se unem, a mensagem é clara: nenhum bloqueio pode calar a solidariedade entre povos que fizeram da revolução a sua pátria.


E a lição para nós, que assistimos de longe, é urgente: ou erguemos laços internacionais de solidariedade prática, ou a fome e a escuridão continuarão sendo usadas como algemas.

Cuba e Vietnã nos lembram que a verdadeira amizade entre povos é revolucionária, feita de sacrifício, entrega e vitória compartilhada.


“Criar dois, três, muitos Vietnãs, é a consigna!”Comandante Che Guevara, Mensagem à Tricontinental, Havana, 1967

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