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Che: 58 Anos da Captura e Morte do Heroico Libertador Latino

  • Foto do escritor: Vontade Popular
    Vontade Popular
  • 9 de out.
  • 5 min de leitura

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Maringá - Outubro de 2025


No dia 9 de outubro de 1967, há 58 anos, entrava para a eternidade Ernesto Guevara de la Serna — Comandante, como o chamavam seus irmãos e irmãs de armas na Sierra Maestra; Che, carinhosamente, pelo povo cubano; Ramon, pseudônimo usado na Bolívia por seus últimos combatentes fiéis.


A captura de Che está envolta em questões políticas variadas — desde acusações de “traição” por parte de camponeses, como propagam os opositores, até críticas fundadas às estratégias militares, à escolha de terreno, à política de alianças. Ambas as perspectivas merecem ser analisadas com honestidade. Mas é inegável que o imperialismo estadunidense, e seus aliados locais, colocaram-se como força motriz do cerco que engendrou o fim da aventura boliviana de Guevara.


Para compreender essa reta final, é essencial percorrer a formação de Che como libertador latino-americano, suas principais vitórias, seus momentos de dúvida e os obstáculos reais que ele enfrentou.


De Rosário para o Mundo

Ernesto nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, Argentina. Sofria de asma, uma condição que o marcaria ao longo da vida, limitando fisicamente, mas estimulando uma alma resistente. Em casa, recebeu educação progressista, acesso aos livros e estímulo à reflexão. Leu Marx, Freud, Neruda, Bolívar, San Martín — formou-se médico, mas esse foi apenas o primeiro passo de uma jornada que o levaria a querer curar algo muito maior do que doenças: a dor social, a opressão, a fome, a desigualdade.


Em 1951, embarcou numa viagem com Alberto Granado: La Poderosa II cruzou desertos, montanhas, selvas, cadeias montanhosas. Che viu a hemorragia da América Latina: mineradoras exploradoras, seringueiros abandonados, trabalhadores miseráveis, hospitais improvisados. Aquela estrada foi a forja do revolucionário — onde não bastava sentir, era preciso agir.


Cuba: Onde a Luta Ganha Corpo

No México, em 1955, Che conheceu Fidel Castro. Encontrou mais que aliados: encontrou destino compartilhado. Aceitou lutar contra a tirania de Batista, impermeável ao caráter colonialista e neocolonial que definia as relações de Cuba com os Estados Unidos.


Em dezembro de 1956, embarcaram no Granma — 82 revolucionários, dos quais muitos morreriam ou seriam capturados. Apenas uma fração chegaria à Sierra Maestra, mas esses poucos mostraram ao mundo que a injustiça, apesar de poderosa, não era invencível.


Che destacou‑se como comandante: ousado, exigente, fraternamente severo. Não poupava críticas internas, mas também cuidava dos doentes, lia para os companheiros, forjava disciplina. O ataque ao Trem Blindado em Santa Clara, em dezembro de 1958, tornou‑se lendário: ao descarrilar um trem que levava armas e tropas mercenárias, Che e seus homens abriram caminho decisivo para o colapso do regime de Batista.


Em 1º de janeiro de 1959, a Revolução triunfou. Batista fugiu, e uma nação inteira despertou para a esperança. Che estava no coração desse despertar.


Do Palácio à Selva: O Homem que Não se Acomodou

Como figura central do novo governo cubano, Che ocupou altos cargos: presidente do Banco Central, ministro da Indústria, embaixador itinerante da revolução. Visitou Moscou, Pequim, Egito, Congo, Indonésia. Fez discursos inflamados nas Nações Unidas.


Defendeu o fim do imperialismo, o fim da opressão capitalista e da sociedade de classes.

Mas o Comandante não cabia em cargos. Não era feito para gabinetes, cifras e discursos protocolares. A inquietude crescia. Ele queria mais. Queria expandir a revolução, acender a chama em outras terras, incendiar os corações de outros povos. O internacionalismo era uma das maiores características de Che, com um imenso e irreconciliável amor pela luta de libertação dos oprimidos, partiu para outros países que não haviam ainda conquistado sua independência das garras do Imperialismo Ianque.


O Congo e o Fracasso Silenciado

Em 1965, Che deixou Cuba clandestinamente e dirigiu‑se ao Congo para apoiar rebeldes contra regimes neocoloniais. Era um sonho internacionalista. Porém, encontrou desafios brutais: diferenças culturais, falta de disciplina entre os combatentes congoleses, problemas organizacionais, falta de apoio logístico significativo, desentendimentos estratégicos.


Em seus diários, ele registra críticas duras a si mesmo e aos outros: a dificuldade de forjar uma vanguarda comprometida, de transformar o sentimento de revolta em prática organizada. Há uma carta de 5 de outubro de 1965 onde Che escreve: “não se pode conduzir uma revolução com homens que não querem lutar até o fim”.


Essa experiência, amarga, foi também formativa: mostrou os limites de se exportar modelos ou esperanças sem adequação ao concreto, ao povo local, às condições materiais. Sendo assim, Che volta à clandestinidade. Mais uma vez, sumiu do mundo, mas não da história...


Bolívia: O Último Suspiro da Revolução

Em 1966, Che chegou à Bolívia, assumindo o pseudônimo Ramon. Tentou montar uma guerrilha que, nas suas intenções, seria o estopim para uma revolução continental. Reuniu cubanos e bolivianos, advogou por apoio camponês, tentou alianças. Mas enfrentou uma série de obstáculos.

  • O relevo é difícil, a selva densa do Ñancahuazú, clima inóspito, escassez de suprimentos.

  • Pouco apoio da população local no início — medo, desconfiança, propaganda repressiva do governo boliviano.

  • O Partido Comunista Boliviano, sob análise etapista e influências externas, hesitou em fornecer apoio integral, acreditando que as condições ainda não estavam maduras.

  • O exército boliviano, treinado, com recursos, com ajuda logística da CIA, lançou uma caçada impiedosa.

Em 8 de outubro de 1967, Che foi capturado em combate, ferido, no que ficou conhecido como a Quebrada del Churo, próximo de La Higuera.  Ele foi levado para uma escola improvisada em La Higuera, onde permaneceu preso.


No dia seguinte, 9 de outubro de 1967, foi executado por soldados bolivianos — Mario Terán foi quem disparou o tiro fatal. Seus restos permaneceram enterrados em local secreto até serem exumados em 1997 e transferidos para Santa Clara, Cuba, onde hoje repousa com honra, ao lado de outros combatentes.


Traição? Estratégia? O Império no Espelho

Quanto à “traição” dos camponeses: o termo é usado por quem quer simplificar. É verdade que houve população local que colaborou com informantes, por medo, por coerção, por promessa de recompensa — muitos sob terror. Mas assim como houve, houve também resistência silenciosa, adesão lenta, conversão de dissensos em apoio. A questão não é simples, nem pode servir para desfazer a responsabilidade principal: forças militares, apoio externo, logística contra‑guerrilha.


Críticas estratégicas a Che têm fundamento: talvez ele tenha subestimado a dificuldade de criar um movimento guerrilheiro em área sem base política consolidada; talvez tenha sobreestimado o alcance do internacionalismo imediato; talvez faltasse comunicação mais próxima com as massas bolivianas. Mas essas falhas, são parte da tragédia — não do desdém.


Che Vive. Hasta La Victoria Siempre!

Che morreu jovem, aos 39 anos. Mas viveu uma vida de plenitude revolucionária — com contradições, desafios, erros, coragem. Ele deixou textos, discursos, diários (como os diários da Bolívia, confiscados pelo exército, onde ele reflete sobre a luta, as dificuldades, as esperanças). Sua imagem tornou‑se símbolo global — da rebeldia, da vontade de mudar, da esperança de libertação.


Sim, ele era humano. Errou. Mas também inspirou. Viveu o que pregou, até o fim. E por isso sua chama continua a arder — não como mito distante, mas como convite urgente à reflexão: onde há injustiça, onde há exploração, sempre haverá motivo para resistir, para lutar, para sonhar.



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Dialogando com Revolucionários Congoleses
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Em Alguma floresta na Bolívia
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